quinta-feira, 12 de março de 2009

I

Fim de tarde, quase noite.
17:47, treze minutos até o sino tocar.
maldito sino!
o sino que o levaria de volta ao seu confinamento diário.
o que fazia ali?
nem ele sabia, queria saber, festejar, ser jovem.
16 anos. 12 minutos
contava no relógio o tempo que lhe sobrava para as peripércias olhava pela janela o campo,
e a cidade ao longe e pensava:
"fujo em meus pensamentos que é o que me resta diante destes."
morava no interior, longe da capital,
a mãe queria que ele formasse padre,
mas ele queria o amor, o carnal, o contato, as donzelas.
a 7 anos ali, perdeu sua inocência "perante Deus"
perdeu o mundo nas mãos dos semelhantes.
e a vida?
passava abaixo dos seus olhos,
olhos quadrado de uma vida na prisão divina,
onde seu livro era o mesmo a anos e o seu dever?
obedecer e amar os próximos
os que tiraram sua inocência, que pecaram.
5 minutos.
ficou sentado no banco, olhava seus amigos aplicados,
queria ser como o irmão, ir estudar na Europa, o mundo das idéias,
mesmo contra sua vontade e vocação para a sacristia.
Faltava pouco tempo, sempre nesse intervalo pensava,
pensava na vida que perdia, mais 2 anos e sairia dali,
mas o inferno começava dali a apenas 2 minutos, como
era ruim, não conseguia aquilo!
queria apenas amor, amar, desfrutar do que Ele lhe concebeu.
a vida...
tudo lhe escapava, e ele não queria, queria dali ir embora.
Mas tocou, e pareceu rachar a mente e coração, não queria ir,

mas como de costume pegou seu livro, sempre ele, e dirigiu-se até a capela
onde dali sairia para pensar, e olhar mais uma vez
que o tempo não para atravez da janela quadrada dos pensamentos.


(Bárbara Nunes)

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