Saudade,
a noite cai tarde,
fazendo a lágrima escorrer no meu rosto,
sonho acordado pensando no teu beijo.
Lembrança de um amor tardio,
Lembrança boa de um amor sadio.
Saudade,
meu coração rasga o peito
aclamando com pavor,
minha alma canta te chamando,
amor.
(Bárbara Nunes)
terça-feira, 31 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
V
olhos vendados, arma na mão.
andando pelas ruas da favela,
pés descalços, solidão.
solidão que agonia, medo.
desespero rondando a cidade,
fuzil roubado, 11 anos, 6 mortes.
- Ei muleque, sobe na laje
e solta os fogos quando os alemãos chegar.
Não deu tempo de subir,
já estavam subindo o morro, atirando,
bandidos ou inocentes,
traficantes ou crianças
escorria pelo chão a "água" vermelha do tráfico.
Onde os chefes tavam, tinha movimentação
tinham sido pegos, ele seria o próximo,
tinha que fugir.
Vendo um vulto atrás de si,
não pensou duas vezes, ou matava ou morria
o grito feminino que ecoou parecia familiar,
sua alma estava suja de sangue,
matara a mãe.
Chorava desconsolado, caminhando lentamente
entre os vultos que passavam rápido,
nenhum se importa com seu rosto,
mais um tempo os "homi" o pegaria,
estava cercado deles,
sentindo ir ao chão com a pancada na cabeça,
eram eles e alguns segundos depois apagaram as luzes,
e no momento antes da morte, só pensava
" quero o carinho do abraço da mãe"
andando pelas ruas da favela,
pés descalços, solidão.
solidão que agonia, medo.
desespero rondando a cidade,
fuzil roubado, 11 anos, 6 mortes.
- Ei muleque, sobe na laje
e solta os fogos quando os alemãos chegar.
Não deu tempo de subir,
já estavam subindo o morro, atirando,
bandidos ou inocentes,
traficantes ou crianças
escorria pelo chão a "água" vermelha do tráfico.
Onde os chefes tavam, tinha movimentação
tinham sido pegos, ele seria o próximo,
tinha que fugir.
Vendo um vulto atrás de si,
não pensou duas vezes, ou matava ou morria
o grito feminino que ecoou parecia familiar,
sua alma estava suja de sangue,
matara a mãe.
Chorava desconsolado, caminhando lentamente
entre os vultos que passavam rápido,
nenhum se importa com seu rosto,
mais um tempo os "homi" o pegaria,
estava cercado deles,
sentindo ir ao chão com a pancada na cabeça,
eram eles e alguns segundos depois apagaram as luzes,
e no momento antes da morte, só pensava
" quero o carinho do abraço da mãe"
sexta-feira, 13 de março de 2009
IV
Olhos nos Olhos
denunciando o amor sem palavras.
Momento,
onde estas presente sempre em meu sorriso.
Porque te carrego comigo
aonde quer que eu vá.
Quem diz que amor é menos do que a
felicidade da paixão correspondida,
não sabe que o amor começa no
encontro dos olhos.
Ando sem olhar para trás,
porque no meu passado não estás,
já que agora és o meu futuro.
(Bárbara Nunes)
III
- tá pensando em que muleque? tem o que pensar não. Trabalha!
estava sonhando, sonhando apoiado na enxada embaixo do sol,
nem ele sabia sua idade, mas tinha mais de 10 apesar de aparentar ser bem mais velho.
Desde que se tem notícias trabalha na roça com o pai,
ajudando a família a ter
a comida que nunca vê
a água que nunca aparece,
pés descalços queimados do chão rachado.
Mais um dia árduo de trabalho, acorda antes de ver o sol nascer.
e anda, anda como um escravo perdendo a infância em meio a poeira do seu deserto.
As mãos grossas e calejadas ardiam de dor, morria de fome, morria de sede.
- Pai, dá água pra eu!
Ele retirou de uma quartinha cheia pela metade
uma água suja, daquelas que são disputadas com o gado magro.
Bebeu, estava acostumdo com tudo isso.
E sentiu, sentiu o corpo ir ao chão e o sangue quente escorreu em sua testa.
- Dá próxima vez eu dô-lhe uma que ocê nem levanta mais! Essa água é pra semana, né pra inventar de tumar tudo não! Agora vem cá pra ajeitar essa testa.
Ainda era segunda - feira.
Pegou um pedaço de camisa que vestia, rasgara fácil, velha demais. Amarrou no ferimento do menino.
A lágrima escorria sobre seu rosto, o sofrimento era aparente, mas lutava, lutava contra sua realidade. Enquanto novamente se botava a pensar na miséria que vivia.
Seu nome?
Seu nome é Socorro.
(Bárbara Nunes)
estava sonhando, sonhando apoiado na enxada embaixo do sol,
nem ele sabia sua idade, mas tinha mais de 10 apesar de aparentar ser bem mais velho.
Desde que se tem notícias trabalha na roça com o pai,
ajudando a família a ter
a comida que nunca vê
a água que nunca aparece,
pés descalços queimados do chão rachado.
Mais um dia árduo de trabalho, acorda antes de ver o sol nascer.
e anda, anda como um escravo perdendo a infância em meio a poeira do seu deserto.
As mãos grossas e calejadas ardiam de dor, morria de fome, morria de sede.
- Pai, dá água pra eu!
Ele retirou de uma quartinha cheia pela metade
uma água suja, daquelas que são disputadas com o gado magro.
Bebeu, estava acostumdo com tudo isso.
E sentiu, sentiu o corpo ir ao chão e o sangue quente escorreu em sua testa.
- Dá próxima vez eu dô-lhe uma que ocê nem levanta mais! Essa água é pra semana, né pra inventar de tumar tudo não! Agora vem cá pra ajeitar essa testa.
Ainda era segunda - feira.
Pegou um pedaço de camisa que vestia, rasgara fácil, velha demais. Amarrou no ferimento do menino.
A lágrima escorria sobre seu rosto, o sofrimento era aparente, mas lutava, lutava contra sua realidade. Enquanto novamente se botava a pensar na miséria que vivia.
Seu nome?
Seu nome é Socorro.
(Bárbara Nunes)
quinta-feira, 12 de março de 2009
II
Um olhar,
e o instante de um segundo pareceu o tempo de um ano.
Paralizados,
esperando o sim das pernas para o movimento.
Fitavam - se como se nunca tivessem se visto,
mesmo tendo se visto a noite toda.
O coração acelerado denunciava o espanto da pergunta.
Os olhos alegres premeditavam a resposta.
E tudo foi rápido,
como o pensamento que se foi,
numa rapidez de segundos
os lábios se tocaram,
denunciando o sim da resposta.
(Bárbara Nunes)
e o instante de um segundo pareceu o tempo de um ano.
Paralizados,
esperando o sim das pernas para o movimento.
Fitavam - se como se nunca tivessem se visto,
mesmo tendo se visto a noite toda.
O coração acelerado denunciava o espanto da pergunta.
Os olhos alegres premeditavam a resposta.
E tudo foi rápido,
como o pensamento que se foi,
numa rapidez de segundos
os lábios se tocaram,
denunciando o sim da resposta.
(Bárbara Nunes)
I
Fim de tarde, quase noite.
17:47, treze minutos até o sino tocar.
maldito sino!
o sino que o levaria de volta ao seu confinamento diário.
o que fazia ali?
nem ele sabia, queria saber, festejar, ser jovem.
16 anos. 12 minutos
contava no relógio o tempo que lhe sobrava para as peripércias olhava pela janela o campo,
e a cidade ao longe e pensava:
"fujo em meus pensamentos que é o que me resta diante destes."
morava no interior, longe da capital,
a mãe queria que ele formasse padre,
mas ele queria o amor, o carnal, o contato, as donzelas.
a 7 anos ali, perdeu sua inocência "perante Deus"
perdeu o mundo nas mãos dos semelhantes.
e a vida?
passava abaixo dos seus olhos,
olhos quadrado de uma vida na prisão divina,
onde seu livro era o mesmo a anos e o seu dever?
obedecer e amar os próximos
os que tiraram sua inocência, que pecaram.
5 minutos.
ficou sentado no banco, olhava seus amigos aplicados,
queria ser como o irmão, ir estudar na Europa, o mundo das idéias,
mesmo contra sua vontade e vocação para a sacristia.
Faltava pouco tempo, sempre nesse intervalo pensava,
pensava na vida que perdia, mais 2 anos e sairia dali,
mas o inferno começava dali a apenas 2 minutos, como
era ruim, não conseguia aquilo!
queria apenas amor, amar, desfrutar do que Ele lhe concebeu.
a vida...
tudo lhe escapava, e ele não queria, queria dali ir embora.
Mas tocou, e pareceu rachar a mente e coração, não queria ir,
mas como de costume pegou seu livro, sempre ele, e dirigiu-se até a capela
onde dali sairia para pensar, e olhar mais uma vez
que o tempo não para atravez da janela quadrada dos pensamentos.
(Bárbara Nunes)
17:47, treze minutos até o sino tocar.
maldito sino!
o sino que o levaria de volta ao seu confinamento diário.
o que fazia ali?
nem ele sabia, queria saber, festejar, ser jovem.
16 anos. 12 minutos
contava no relógio o tempo que lhe sobrava para as peripércias olhava pela janela o campo,
e a cidade ao longe e pensava:
"fujo em meus pensamentos que é o que me resta diante destes."
morava no interior, longe da capital,
a mãe queria que ele formasse padre,
mas ele queria o amor, o carnal, o contato, as donzelas.
a 7 anos ali, perdeu sua inocência "perante Deus"
perdeu o mundo nas mãos dos semelhantes.
e a vida?
passava abaixo dos seus olhos,
olhos quadrado de uma vida na prisão divina,
onde seu livro era o mesmo a anos e o seu dever?
obedecer e amar os próximos
os que tiraram sua inocência, que pecaram.
5 minutos.
ficou sentado no banco, olhava seus amigos aplicados,
queria ser como o irmão, ir estudar na Europa, o mundo das idéias,
mesmo contra sua vontade e vocação para a sacristia.
Faltava pouco tempo, sempre nesse intervalo pensava,
pensava na vida que perdia, mais 2 anos e sairia dali,
mas o inferno começava dali a apenas 2 minutos, como
era ruim, não conseguia aquilo!
queria apenas amor, amar, desfrutar do que Ele lhe concebeu.
a vida...
tudo lhe escapava, e ele não queria, queria dali ir embora.
Mas tocou, e pareceu rachar a mente e coração, não queria ir,
mas como de costume pegou seu livro, sempre ele, e dirigiu-se até a capela
onde dali sairia para pensar, e olhar mais uma vez
que o tempo não para atravez da janela quadrada dos pensamentos.
(Bárbara Nunes)
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