Na desesperação já repousava
O peito longamente magoado,
E, com seu dano eterno concertado,
Já não temia; já não desejava;
Quando uma sombra vã me assegurava
Que algum bem me podia estar guardado
Em tão formosa imagem, que o traslado
N'alma ficou, que nela se enlevava.
Que crédito que dá tão facilmente
O coração àquilo que deseja,
Quando lhe esquece o fero seu destino;
Ah, deixem-me enganar, que eu sou contente;
Pois, posto que maior meu dano seja,
Fica-me a glória já do que imagino.
CAMÕES, de Vaz Luís. Sonetos para amar o amor - Pág.62
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